quinta-feira, março 04, 2010

Bullying...



«O termo bullying compreende todas as formas de atitudes agressivas, intencionais e repetidas, que ocorrem sem motivação evidente, adoptadas por um ou mais indivíduos contra outro(s), causando dôr e angústia, e executadas dentro de uma relação desigual de poder. Portanto, os actos repetidos entre elementos da mesma comunidade (colegas) e o desequilibro de poder são as características essenciais, que tornam possível a intimidação da vítima. Em princípio, pode parecer uma simples brincadeira mas não deve ser visto desta forma. A agressão moral, verbal e até corporal sofrida pelos alunos, provocando sofrimento na vítima da “brincadeira”, esta pode entrar em depressão.» (IN http://www.bullyingescola.com/sobre/)

Hoje deparei-me com esta notícia que passo a transcrever:

«Criança que se lançou ao rio Tua era há algum tempo agredida verbal e fisicamente

O conselho executivo da Escola Luciano Cordeiro, em Mirandela, recusa-se a fazer qualquer tipo de comentário ou a prestar declarações sobre a possibilidade de Leandro, a criança de 12 anos que anteontem se lançou ao rio Tua depois de ter sido agredido por colegas, ser vítima de bullying. "Não há ninguém disponível para falar com jornalistas", avisou uma funcionária da escola.

Foi o presidente da Associação de Pais, José António Ferreira, que informou que a escola e a própria Direcção Regional de Educação do Norte (DREN) já tinham instaurado um inquérito para apurar o que aconteceu dentro daquele estabelecimento escolar e para averiguar a possibilidade do rapaz ser vítima de bullying, como alguns colegas e familiares afirmam.

A avó do Leandro, Zélia Morais, disse ao jornal A Voz do Nordeste que, com alguma frequência, o jovem era agredido verbal e fisicamente, relatando que há cerca de um ano chegou a ser hospitalizado, após ser agredido por colegas de escola, fora daquele estabelecimento. "Bateram-lhe ao pé da estação", conta, e como consequência ficou uma noite internado no Hospital de Mirandela.

José António Ferreira assegura que não há registo de casos de bullying naquela escola e que a criança em causa não está sinalizada. Mas Zélia Morais acrescenta que a mãe do Leandro chegou a ir várias vezes à escola. "Sempre a atendiam muito bem mas depois não faziam nada, como não fizeram", desabafou.

Nesta terça-feira um colega de turma presenciou a agressão: "Foi um rapaz e uma rapariga, namorados, bateram-lhe e ele ficou a chorar", disse, desconhecendo as razões que levaram "os grandes", com 14 ou 15 anos, a agredir o Leandro. "Batiam-lhe às vezes", continuou.

Os supostos agressores já foram identificados e estão a ser acompanhados por um psicólogo na própria escola. Os colegas de turma ontem só tiveram aulas no período da manhã e alguns aproveitaram a tarde para ir espreitar ao rio, acompanhar as buscas e tentar saber se já tinham encontrado o amigo. Alguns não querem falar, outros, sem reservas, confirmam que há um grupo "de três ou quatro" estudantes mais velhos que gosta de se meter com os mais pequenos. Uma versão confirmada por um primo mais velho de Leandro. "É verdade que lhe batiam. Quando eu via, defendia-o", disse. Este jovem acompanhou os últimos momentos de ira do Leandro que, na terça-feira, faltou à aula de Inglês, a última da manhã, e saiu disparado da escola a anunciar que se ia atirar ao rio. "Já queria atirar-se da ponte, eu é que peguei nele", conta, enquanto mexia energicamente as mãos, mostrando algum nervosismo. "Depois desceu pelas escadas, foi ali para o parque de merendas e de repente tirou a roupa e meteu-se na água. Nós vimo-lo a levantar os braços e depois já ia lá em baixo", disse, explicando depois que a correnteza da água depressa afastou das margens o corpo frágil do rapaz.

Três primos e o irmão gémeo do Leandro assistiram a tudo, enquanto gritavam desesperadamente e algumas pessoas que passavam àquela hora na ponte chamaram de imediato os bombeiros. (...)

Graça Caldeiras, a mãe de uma criança de 10 anos que frequenta aquela escola confirmou esta realidade, queixando-se à agência Lusa que o filho está a ser vítima de agressões por parte de colegas, motivo pelo qual a criança se recusa a ir à escola e está a ser medicada e acompanhada por um psicólogo. Ontem mesmo Graça Caldeiras disse que não foi trabalhar para acompanhar o filho em mais uma consulta no psicólogo que conseguiu arranjar no centro de saúde, já que "a psicóloga da escola não tinha tempo para o atender".»
(IN Público)

Preocupa-me saber que nem na escola as crianças estão seguras. Preocupa-me saber que há crianças que tiram prazer em maltratar outras, mais novas ou mais indefesas, com o intuito, quiçá, de se sentirem superiores. Preocupa-me saber que há crianças vítimas deste género de maus-tratos que vêm o suícidio como a única escapatória. Mas preocupa-me ainda mais que as escolas não prestem atenção a estes casos na altura certa e que renegem responsabilidades.

11 comentários:

Eu mesma... disse...

nem me digas nada, isto arrepia-me.
só fui vítima de uma situação dessas uma vez e fazer queixa ao director ajudou mas isso era antigamente, em que as pessoas se preocupavam. hj isso não acontece.
e
eu que tento ensinar a minha filha de que a violência gera violência, que nunca deve agir assim porque perde a razão. desconfio que tnh de começar a ensiná-la a se defender pois é a única solução. e quam sabe metê-la numa arte marcial ou kickboxing. pode ser que assim ela esteja protegida.
tnh mt medo por ela. é uma menina mt doce. felizmente, começa a saber defender-se, apesar de eu a criticar sempre que age com violência. mas tnh de entender que às vezes é mesmo necessário.

porque há pais que não educam os filhos para o bem e pior ainda são a fonte de violência que esses meninos revelam. mts dos agressores são crianças violentadas e maltratadas pelas famílias, com problemas psicológicos. por isso é que me custa mt que a minha filha dê o troco na mm moeda. porque é um ciclo que assim nunca se quebra....

Anónimo disse...

pois este tema é um caso muito sério ao qual não está muito bem cuidado nas escolas, e a mim também me custa muito que isto aconteça....:S


bjux* e bom post ;)

Olhos Dourados disse...

É triste.

Artemisa disse...

Anne...

Ei também fui vítima uma vez por parte de alunos mais velhos. Fiz queixa, pois a professora apercebeu-se que eu não estava bem e perguntou-me o que se passava... Eu contei. A prof. pegou em mim, levou-me até à sala das raparigas e deu-lhes uma descasca monumental à frente de toda a turma.

Acho muito bem que não bem que ensines a tua filhota a defender-se. Não é bater nos outros meninos, é simplesmente defender-se quando a atacam.

Bjx

****

Asiram...

Algumas escolas ainda não estam preparadas para lidar com casos destes.

Bjx

****

Olhos Dourados...

Muito mesmo.

Bjx

Anónimo disse...

Sabes que mais, eu acho que ainda bem que a escola não se preocupou com o caso. Por uma simples razão: se interviesse na situação, provavelmente o Leandro acabaria por ser vítima da escola também. Porque a única coisa que preocuparia os responsáveis da instituição seria, sem sombra de dúvidas, abafar o problema. E, para isso, é mais fácil castigar o mais fraco do que os outros. Daí que a tragédia nunca seria evitada.
Acontecendo isto, de certeza que a escola vai ficar muito mal vista e casos destes vão ser reduzidos por aquelas bandas.

**

Artemisa disse...

Saga...

Isso já vai de quem está à frente da escola. Se for uma pessoa série, preocupada, responsável concerteza que ajudaria o Leandro... O que não é o caso, pelo que se viu.

O Leandro não é o único menino que sofre de bullying, muitos há por este Portugal fora. É que os bullies sabem fazer as coisas sem chamar muito à atenção, infelizmente. É preciso estar muito atento para perceber os sinais...

Bjx

Anónimo disse...

Deixa-me só tocar num ponto que tu vincaste:

"Isso já vai de quem está à frente da escola. Se for uma pessoa série, preocupada, responsável concerteza que ajudaria o Leandro"

Pessoas sérias e preocupadas à frente da escola? Estás a esquecer-te que são duas coisas que não jogam bem: pessoas sérias e preocupadas e cargos altos. Essas estão a trabalhar no duro ou desempregadas. Não lideram nada. Senão para onde iam os outros?

**

Artemisa disse...

Saga...

Pois... Já lá vai o tempo. Eu ainda me lembro de, quando era pequena, ter professores que realmente se preocupavam connosco...

Bjx

Anónimo disse...

Ainda bem que tu ainda te lembras. Eu é que não...

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Suspiro disse...

Realmente é uma questão que me assusta e muito. Na minha altura tb existia isso mas nada com estas proporções! A maior parte das vezes os miúdos escondem com medo de represálias e nem sempre quem lida com eles se apercebe. É muito complicado mesmo! A educação tem de começar em casa, aí sim os miudos é que aprendem a resolver as coisas com violência e por outro lado, se não têm abertura com os pais vão esconder estas situações! É mesmo preciso por os olhinhos nestas notícias. (E assusta-me particularmente por ser mae e quando ouço estas situações é inevitável não ficar de coração nas mãos)

Artemisa disse...

Suspiro...

Lá está, quem pratica bullying, parace-me que naão tem uma boa educação em casa.

Eu ainda não sou mãe e assuta-me pensar, quando for, que a minha filha, ou filho, pode sofrer maus tratos num sitio onde deve estar seguro.

Bjx