sábado, abril 10, 2010

"Corrigir ou não corrigir? Eis a questão!" (ler como o Hamlet)


Infelizmente, ou felizmente, não nascemos ensinados. Quando nascemos temos que aprender a gatinhar, depois a andar, a falar, até que chega o momento de irmos para a escola. Lá entramos em contacto com um mundo completamente novo. Um mundo cheio de cores, de letras, de palavras novas, de desenhos, de crianças como nós. Aprendemos o abecedário, os números, os nomes… Aprendemos a escrever, a somar, a subtrair, a multiplicar e a dividir.

Num instante chegamos à secundária, onde nos é apresentado uma panóplia de novos conhecimentos. Lemos obras de autores conhecidos e de renome, como Fernando Pessoa, Eça de Queiroz, Camilo Castelo-Branco. Aprendemos novas línguas como o Inglês, o Francês, o Alemão ou o Latim. É-nos dado a conhecer mais aprofundadamente a nossa História e a História de outros países. Ensinam-nos Física e Química, Matemática. Ensinam-nos a sermos autónomos. Incentivam-nos a procurar mais conhecimento, a queremos saber mais por conta própria.

Chega a hora de ir para a Universidade. Outro mundo novo que deve servir para nos preparar para o difícil mercado do trabalho. Novas obras. Novos autores. Novo conhecimento. Uns adquirem conhecimentos em Medicina, outros em Literatura, Marketing, Advocacia, Educação, Tradução…

No entanto, há quem não tenha esta possibilidade. Há quem não tenha tido a possibilidade de continuar ou prolongar os seus estudos. Ou porque não quis ou, simplesmente, porque não pôde. Ter muitos conhecimentos não significa que se seja inteligente. Já conheci algumas pessoas assim. Que sabiam muitas coisas, mas na verdade não sabiam nada. Afinal, ter uma licenciatura não é sinónimo de inteligência.

Estou para aqui a divagar e a afastar-me do objectivo deste texto.

O que eu quero saber é: na vossa opinião é errado ou certo corrigir alguém? Imaginem que estão a conversar com alguém e, esse alguém comete uma gaffe (seja ela um pontapé na gramática ou outra coisa qualquer). Devemos corrigi-lo, chamá-lo à atenção para o disparate que disse ou permanecermos caladinhos no nosso canto?

Sei que há pessoas que não se importam de serem corrigidas. De facto, até agradecem, pois vêm nessa correcção a oportunidade de aprimorarem os seus conhecimentos. Não encaram a chamada de atenção como um insulto, uma intromissão, mas como uma preocupação do outro que quer o nosso bem. Por outro lado, há quem ache tal um insulto, uma autêntica falta de respeito. Sentindo-se diminuídos no seu valor como pessoa, não aceitando, humildemente, que não são mestres e senhores de todos os saberes.

Como é óbvio a correcção não deve ser feita à bruta. Não devemos partir logo para o insulto e chamar a pessoa que errou de “burra”, “ignorante” nem “estúpida”. Não! Devemos chamar à atenção da pessoa calmamente, de forma simpática, sem ares de superioridade. No entanto, pode haver quem ache este tratamento condescendente.

Por exemplo: imaginem que estão em amena cavaqueira com algum pessoal. O assunto cai em História, mais propriamente na história de Catarina, a Grande. Um rapaz começa a contar a história dela. Diz que ela gostava muito de sexo e tal e coisa. Tanto, que morreu ao fazer sexo com um cavalo e que, inclusive, tinha uma cela própria para o efeito. Vocês ouvem e sabem que o que ele diz é somente um boato que em nada corresponde à realidade. Sabem-no porque viram um documentário, onde apareciam especialistas e historiadores de renome. Sabem que, na realidade, ela morreu no seu quarto, de noite, devido a um tumor na cabeça ou um AVC (acho que foi qualquer coisa assim). Dizem ou calam-se? Corrigem ou não? Dei este exemplo como poderia ter dado outro qualquer.

E então: corrigir ou não corrigir?

11 comentários:

O Gato Negro disse...

Assim como tu conheço pessoas que não gostam de ser corrigidas (acham que quem as corrige tem a mania que sabe tudo e que as está a insultar a chamar de burras... mesmo não usando qualquer adjectivo) e outras que agradecem porque ao ser corrigidas estão a aprender a falar melhor...

Eu não me importo que me corrijam, até agradeço que o façam quando digo algo mal (mas façam-no apenas quando têm a certeza porque já me corrijiram estando eu a dizer as coisas bem e aí eu passo-me). Mas a maioria das pessoas leva a mal.

Quanto a esse rapaz estar a induzir a erro quanto à história de uma grande mulher, acho que devia ser chamado à atenção, mas para ele não levar a mal a correcção apresentavam-se os factos e argumentos que mostram que ele está errado... mas sem tentar dar ares de "eu sei mas que tu"...

Boa sorte :)*

Anónimo disse...

Essa é uma pergunta para a qual não tenho resposta. Aqui em casa, eu tenho tantas e tantas oportunidades para corrigir as pessoas, mas, normalmente, não o faço porque, ao fazê-lo, parece que me estou a impor como superior e eu não gosto disso. Enfim, deixo que se digam os disparates. Só corrijo mesmo quando me sinto totalmente à vontade para tal.
Mas também é preciso ver que há pessoas que, apesar da nossa correcção, continuam a pensar o mesmo que antes, pois não mantêm os horizontes abertos, incapazes de se descolarem daquilo que, à partida, tinham como correcto.

**

Artemisa disse...

Saint and Sinner...

Isto foi só um texto que escrevi. Não quer dizer que isto se passe comigo :P

Bjx

****

Saga...

Pois, eu percebo isso. :)

Bjx

Daniela disse...

Concordo contigo em muito do que disseste.

Eu, normalmente, corrijo as pessoas quando fazem algum atentado à gramática ou à língua. No entanto, às vezes faço-o de forma um pouco bruta e as pessoas interpretam mal e depois ficam a pensar que tenho a mania de ser superior... é algo que tenho tentado corrigir.

Mas também há pessoas que não gostam de ser corrigidas e se o fazemos, mesmo com humildade, fuzilam-nos com o olhar.

Por vezes, quando deixo passar algum erro sem o corrigir, fico a matutar naquilo pois há um provérbio que o meu pai está sempre a dizer-me "burro é quem o diz, mas mais burro é quem permite"; é algo assim, não me recordo agora se é exactamente assim. Mas não deixa de ser verdade.

Outras vezes, quando corrijo e a pessoa acha que estava certa, ficamos ali a teimar para ver quem tem razão ou até alguém dar o braço a torcer. O meu pai também me ensinou que só devemos teimar quando temos a certeza de que estamos certos e se possível, depois provar isso à pessoa. É por isso que quando aparece assim uma dúvida, sou a primeira a correr para o dicionário ou a procurar a resposta correcta, coisa que muita gente não faz.

E, quanto a esse rapaz, acho que devia ser corrigido, nesse momento. Acho que é nestas alturas que não se devem deixar passar os erros, ainda para mais se sabias a história verdadeira.
E a história dele é ridícula! Morrer a fazer sexo com um cavalo? OMG! LOLOLOL

bjinho
espero ter ajudado

Lia disse...

se for alguém com quem tenho à vontade, sim, corrijo.
Se for alguém com quem não tenho muita confiança, digo algo do género "já ouvi outra versão, mas não sei se está bem...."

Eu mesma... disse...

bem, claro que depende das pessoas mas falo por mim, prefiro ser corrigida que andar a perpetuar um erro desses, seja em que área for.
claro que há quem leve a mal, mas eu como nao tnh tacto nenhum nem percebo se as pessoas levam a mal ou não, corrijo. mais vale isso do que outros que nos deixam a errar continuamente e a fazer figuras de parvos quando são coisas triviais. por isso sim, prefiro ser corrigida. :)
bjs.
levo amanha o selinho ok :)

Brown Eyes disse...

Aninhas ter muitos estudos não significa ter muitos conhecimentos e ter conhecimentos não significa ser inteligente. Inteligentes, para mim são aqueles que trabalham para conhecer alguma coisa. não os que se fiam na inteligência e dorme na vida.
Quanto à tua dúvida deve ser corrigida ou melhor dizer tipo isto:
- ahahahahah. Eu vou fingir que acredito em ti e esquecer que ela morreu, na cama, de AVC. A tua história pode ser mais chamativa mas a realidade não foi essa.
Há pessoas que são contadores de histórias, por excelência e, nessas histórias, não têm em conta a realidade não se coibindo de inventar para serem o centro das atenções. Claro está que nunca contam com a inteligência e os conhecimentos dos outros. Tornam-se ridículos mas, se não forem chamados à atenção, saem dali e vão contar que fizeram fulano e beltrano de parvos. Eles querem ser os "maiores" a todo o custo. Há que trava-los.
Eu como sou trapalhona a falar, se puder dizer tudo num segundo não perco um minuto e por isso, de vez em quando saem umas palavras com erros. Quando dou conta emendo se não der e for emendada não me importo, agradeço. Um erro se não for emendado pode tornar-se grave.
Corrigir, sempre. Se não gosta paciência.
Aninhas vim espreitar o teu cantinho. Gostei. Vou ficar. Sempre que puder, ando com pouco tempo, virei lê-lo. Beijinhos

Artemisa disse...

Luz...

Quando me são pessoas próximas não tenho receio em corrigir, pois as pessoas que ma conhecem sabem que não o faço com má intenção.

No entanto, quando é uma pessoa com a qual não tenho muita confiança fico reticente em fazê-lo pois não sei como vai reagir.

Bjx

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Lia...

É uma boa maneira de dar a volta à questão :)

Bjx

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Anne...

Eu também prefiro se corrigida. Prefiro isso do que andar a perpetuar um erro.

Bjx

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Brown Eyes...

Foi exactamente isso que eu disse no meu post: "Ter muitos conhecimentos não significa que se seja inteligente. (...) Afinal, ter uma licenciatura não é sinónimo de inteligência."

Já conheci muitas pessoas assim, infelizmente. Que tem a mania que sabem muito, mas na verdade não sabem nada de nada.

Bjx

Olhos Dourados disse...

Se fossem pessoas com quem não tenho o minimo de confiança, acho que não dizia nada, pq sou um bocado envergonhada, mas caso contrário, eu dizia.

Lizandra de Barros disse...

Acho que se deve corrigir sim.
E vou fazer isso agora, com você, com esse seu texto aí.
No segundo parágrafo diz:
"Num instante chegamos à secundária, onde nos é apresentado uma panóplia de novos conhecimentos."
E esse 'nos é' aí, está errado.
O certo seria: 'nós somos'

;*

Artemisa disse...

Lizandra Barros...

Seja bem-vinda. :)

Mas lamento informá-la mas a frase está correcta. "Onde nos é apresentado uma panóplia de novos conhecimentos" está escrito de forma certa. Eu queria dizer mesmo "nos é" e não "nós". No Brasil poderá ser diferente mas aqui esta é a maneira certa de escrever. :)

Bjs