quinta-feira, janeiro 17, 2013

Confessions on a blog... # 4


Uma vez, quando era apenas uma miúda de palmo e meio, fiz um disparate tão grande que me ficou marcado na memória. Ora, passo a relatar o acontecimento...

Andava eu, talvez no 3º ou 4º ano (era uma catraia, portanto), e na escola que frequentava, exista um género de vala de terra batida onde os miúdos jogavam ao berlinde nos intervalos das aulas. Aquilo não tinha escadas para descer, a não ser uma imitação de escadas escavadas em terra batida, mas claro que também podiamos optar por ser radicais e descer pelas laterais em declive. Ora, uma vez, estava eu com um grupo de amigas, quando uma delas se vira para mim e segue-se o seguinte diálogo: - "Não és capaz de descer isto.", - "Sou sim, mas não vou descer.", - "Porquê?", - "Porque estou de saia, sapatinhos e collants..." (sim, eu era muito pipi naquela altura), - "Se não desceres não és mulher não és nada.". O que é que ela me foi dizer! Aquilo bateu-me tão forte cá dentro, qual gongo chinês, que pus os ombros para trás e meti o pé na berma da ribanceira para descer aquilo... Escusado será dizer que não correu bem. Escorreguei e fui ao tombos até lá abaixo. O que vale é o meu anjo-da-guarda devia estar atento e lá me amparou a queda para não partir os braços, as pernas e rachar a cabeça...

Mas acham que eu chorei? Não... Lá me levantei, com a camisa e a saia toda suja, collants rasgadas e toda desgrenhada e, qual alpinista a escalar o Everest, subi aquela porcaria, orgulhosa que só eu. Chego lá acima, nariz empinado, olho para a cara de aflição da "minha amiga" (olhem o pormenor do parênteses agora), com olhos esbugalhados, encho o peito, e digo "A culpa é tua... Eu disse-te que não queria ir e tu disseste aquilo... A culpa é tua!", mando-lhe um grande chapadão, viro as costas e vou-me embora. Claro que depois, fui para a casa de banho chorar, não tanto porque estivesse magoada, mas porque sabia que ia levar um raspanete e duas palmadas no rabo quando a minha mãe me visse naquele estado lastimável.

E isto tudo para vos dizer o seguinte: nunca façam nada de cabeça quente, só porque vos feriram o orgulho, ou para serem aceites por determinado grupo... É que só sai merda!

3 comentários:

Palavra Já Perdida disse...

Oh pá até me ri :)
Na altura pensavamos cá com uma cabeça quente...

Artemisa disse...

Era... Mas serviu-me de emenda... :P

Roxanne disse...

LOL!
orgulho ferido é uma coisa muito perigosa!