terça-feira, junho 02, 2009

Ser mal-educado é que está na moda…


Qual “Bom-dia senhor. Como está?”, “Muito prazer em conhecê-lo!” ou “Obrigada!”. Isso já é do tempo da pré-história e a boa educação é um fóssil mal preservado, que nem direito tem de estar exposto num museu. Está antes guardada numa caixa poeirenta e bolorenta num canto qualquer de uma qualquer sala, onde ninguém vai há anos. Um dia destes vou ouvir alguém perguntar: “Boa-educação?! O que é isso?”. E alguém muito inteligente vai responder: “Não faço ideia. Acho que é um mito qualquer que consiste em tratarmos bem as outras pessoas. Uma parvoíce assim!” (Lindo!!!)

Não adianta negar, a boa educação passou de moda (e o bom português também). A partir do momento em que surge, nos meios de comunicação social, um escândalo de uma professora que, literalmente, se passou dos carretos e diz coisas como “percebestes?” ou “amiguissímos” sei que o mundo está perdido. (e ela estava sobre o efeito de calmantes, imaginem lá se não estivesse… Em vez de assassinar só 2 palavras, tinha assassinado, violado, esfaqueado o dicionário todo de língua portuguesa)

Mas continuando, como se não bastasse a má educação estar a proliferar na sociedade tipo cogumelo, agora até a televisão ajuda neste genocídio educacional. Basta ver as “magníficas” séries e desenhos animados que abundam na televisão portuguesa. Comecemos com os Morangos de Açúcar, Geração Rebelde e Rebelde Way. (nome original o deste último não? Geração Rebelde, Rebelde Way… os tipos da SIC devem ter morrido de desidratação por tanto vapor que saiu das suas cabeças para arranjarem semelhante nome. Mas enfim...)

Nestas duas séries o português e a má educação andam de mãos dadas, até parecem almas gémeas, então na Rebelde Way… É tanta parvoíce junta que até fico aparvalhada! (deve ser contagioso) O vocabulário é de luxo: “Ó meu… ‘tá tudo na boa?”, “Ei brother… tudo em cima?”, “Vai ver se ‘tou online!”, “És mesmo um bada!”, “Vai uma bejeca?”, “Eia, aquele gajo é mesmo um cromo.”. Este é o mais suave, pois quando as personagens se chateiam… A voz sobe de tom, mas o vocabulário desce de nível: “TU ÉS UM ANORMAL DO PIOR. BAZA DAQUI.”, “OLHA, E SE DEIXASSES DE SER PARVO E FOSSES À M****?”. (isto é que é falar em bom português, não acham?)

O que eu continuo sem perceber é um dos adjectivos das séries: rebelde. São rebeldes onde? No duche? Tipo: “Hoje apetece-me ser rebelde… Em vez de usar gel de banho Lavera, vou usar gel de banho Themis.”. Qual James Dean qual quê. O James Dean ao pé destes “rebeldes” era um menino de coro… (estou a ser irónica, caso não tenham percebido.)

Os rebeldes sempre foram aqueles que estão fora do sistema e que lutam contra ele. Mas agora, os únicos “rebeldes” são filhos de políticos e de empresários que estão contra os pais porque não podem fazer festas para amigos, ir para a Polinésia passar férias ou beber umas cervejas até caírem para o lado ou entrarem em coma alcoólico.

Como se isto não bastasse, as raparigas estão sempre, ou quase sempre, com o corpinho à mostra. Passam o tempo de biquini (até quando estão a falar com os pais, não vá não se sentirem à vontade e fresquinhas, pois, independentemente, da época do ano em que estejamos, parece que na tela está sempre calor).

E nos desenhos animados é mesmo coisa. Qual Babar. Qual Tom Sawyer. Qual Huckelberry Finn. Qual Heidi. Qual Ursinhos Carinhosos. Qual Pequenos Póneis. Agora o que está na moda é porrada até dizer chega. Ele é Dragon Ball, Power Rangers, entre outros. Ouvimos as crianças dizerem: “Eu sou o Songoku e vou destruir-te… Kahmé Ahmé!” (seja lá qual for o significado desta última expressão). E, de repente, vemos uma pedra a voar em direcção a uma cabeça, um pé no ar pronto para dar um golpe de karaté ou uma mão a dirigir-se a alta velocidade a qualquer parte do corpo humano (geralmente a cara, o estômago, ou outro sítio mais doloroso).

Enfim…

Qual lutar por valores e causas que acreditamos estarem correctas, mesmo que ninguém nos apoie. Qual manifestações pelas ruas da cidade. Qual ser louco e pegar numa mochila e viajar pelo mundo sozinho, e sem um tostão, numa Harley (ou noutra mota qualquer).

Agora ser rebelde é ser mal-educado, falar mal, andar com calças ao fundo do rabo (no caso dos rapazes), e descascada (no caso das raparigas) e bater o pé ou fazer birra quando os nossos pais (ou assim) não cedem aos nossos pedidos. Viva a rebeldia!!! Ou será só parvoíce?!


James Dean - Este é que era um verdadeiro rebelde!!!


1 comentário:

Anónimo disse...

Queria acrescentar um ponto a este texto e que se prende com o tal adjectivo de ser rebelde.
Realmente, não há, por um lado, muita lógica nos nomes das séries serem compostos por essa designação. Rebeldes porquê, afinal?
Só me consigo lembrar de uma justificação para tal: o aumento do número de asneiras nos guiões das telenovelas portuguesas. Será que ser rebelde é isso? Para quem já viu a outrora existente "Malhação", na sic, pergunto: havia asneiras?
Pois, talvez seja essa a rebeldia das personagens portuguesas de "Rebelde Way" e de "Morangos com Açucar". Enquanto toda a gente luta por uma comunicação útil e bem elaborada com o telespectador, essas novelas mandam todos, literalmente, à merda!!!
"Gandas malucos...!"