quarta-feira, abril 28, 2010

Não há Príncipes Encantados…


O príncipe encantado das histórias não existe. É uma mentira. Um mito. Uma farsa que nos incutem desde crianças vá-se lá saber porquê. Os príncipes encantados que conhecemos das histórias vivem em grandes castelos e palácios, rodeados por uma floresta, por vezes mágica, e não num T3 ali na Avenida Capitão Silva Pereira ou numa moradia com piscina e um grande jardim.

Se formos a ver só conhecemos príncipes encantados nas histórias. E porquê? Porque elas são exactamente isso: histórias. E nelas podemos fazer e inventar tudo que quisermos. O mundo por ser um autêntico sonho, cheio de perfeição, encanto e magia. Para provar isto basta olharmos para os contos-de-fada com um olhar crítico e analisarmos as acções de um dito príncipe encantado.

Na grande generalidade das histórias, o desgraçado só aparece no final, limita-se a dizer que ama a moça, beija-a e pronto. Lá vão eles num cavalo branco sei lá eu para onde. Onde estava ele quando a bruxa mandou o caçador matar a princesa? Onde estava ele quando a bruxa a tentou envenenar? Onde estava ele quando a bruxa a encarcerou numa torre? Provavelmente a dormir, a cortejar uma camponesa qualquer ou a fazer trabalhos manuais.

Mas o que sabemos nós sobre o rapaz afinal? Nada, pois lá está. O rapaz até pode estar endividado até as orelhas, mas anda vestido com fatos caros para manter a aparência e montado num cavalo árabe puro-sangue. E eu sei lá se ele leva a princesa para o castelo dele mesmo! Até a podia levar para vender como escrava ou para tráfico humano que eu não sei. Será que tem outra lá na terra dele e anda a dar umas por fora? Muito pouco, ou quase nada, se sabe sobre o príncipe encantado das histórias.

Por outro lado, temos aqueles que tem como missão lutar contra o mal (além de conquistar a moça que pode estar ou não encarcerada numa qualquer torre, no meio de um qualquer matagal). Isto é de valor: lutar contra as injustiças e tal. O pior é que nunca sabemos onde o tipo foi buscar tanta destreza e tanta força. Será que andou a cumprir pena numa qualquer prisão e foi lá que aprendeu a lutar? Anda viciado em esteróides? É tudo muito obscuro e dúbio.

E pronto, depois de matarem o dragão ou outro qualquer monstro mítico, lá vão eles todos pimpolhos resgatar a princesa. Espeta-lhe uma grande beijoca e pronto, a moça apaixona-se logo por ele. O príncipe normalmente é um tipo bonito, garboso, jeitoso, charmoso, entre outros objectivos positivos acabados em –oso, o que só vem atestar a superficialidade e facilidade da princesa. Então a gaja vê um gajo giro, que não conhece de lado nenhum e com quem nunca teve nem dois dedos de conversa, e vai logo com ele sabe lá para onde? Não sabe quem são os pais, o que fazem, onde moram. Não sabe se o príncipe andou na escola, e se andou, qual foi a escola. Se sabe ler e escrever. Se chumbou algum ano ou não. Que curso tirou. Se sabe falar alguma língua. Se vai assumir o reino porque tem capacidade de liderança ou se é por cunha do pai. Não sabe nada! Nadinha! E nós ainda menos sabemos. É pá, é estranho.

Muitas mulheres dizem: “Ah e tal, mas o príncipe encantado é aquele homem perfeito, com quem sonhamos viver o resto da nossa vida. Aquele que é capaz de nos amar e proteger em qualquer circunstância.”

Pronto, está bem. Mas a sério… conhecem algum homem que saiba beijar bem, que seja bom na cama, romântico, educado, carinhoso, afectuoso, meigo, simpático, bondoso, inteligente, forte, bom ouvinte, bom conselheiro, justo, sexy, charmoso, humilde, sincero, não diga palavrões, calmo, que não beba, não fume, que tenha sentido de família, que seja boa pessoa entre tantas outras coisas? Conhecem algum homem que seja só assim, sempre, 24 horas por dia, 7 dias por semana, 365 dias por ano (às vezes 366)?

Era bom que houvesse? É pá, maybe. Maybe not, porque a perfeição enjoa um bocadinho.

Pois é, os príncipes encantados das histórias não existem, pois quando os imaginamos esquecemos de um pormenor: eles também devem ter defeitos, de certeza absoluta, tal como todos os seres humanos. Porque será que nunca ouvimos algo do género: “o meu príncipe encantado tem que ser loiro, olhos azuis, forte, inteligente, romântico, sensível e, principalmente, saber dar flatulências de forma sensual”?

Ninguém diz isto, e graças a Deus, que isto é coisa para me dar assim a volta ao estômago, mas enfim. Não nos podemos esquecer que todos os homens, assim como as mulheres têm defeitos. Somos ser humanos não bonecos/bonecas.

Príncipes encantados não existem. Pelo menos não sob forma como são imaginados nas histórias de contos-de-fada. Os homens têm que ter certas e determinadas características positivas que agradem às mulheres, assim como o contrário. No entanto, não nos podemos esquecer que ligadas a essas qualidades vêm defeitos e, na vida, há que aprender a saber lidar e viver com eles.

Afinal de contas, não podemos gostar das pessoas às fatias, pois não?

6 comentários:

Anónimo disse...

Nunca mais vou olhar para as histórias infantis da mesma forma. Vou passar a desconfiar daquela beleza toda dos príncipes e das princesas, pois nunca se saberá se não terão feito alguma plástica para ficarem assim...

**

Artemisa disse...

Saga...

Ah pois é!!! Plástica essa paga pelo rei e pela rainha que são podres de ricos.

Bjx

Olhos Dourados disse...

POis é, o principe encantado sem defeitos não existe, mas existe um "principe" para cada uma de nós com defeitos e que nós aceitamos assim e aprendemos a viver com eles.

Artemisa disse...

Olhos Dourados...

Pois, mas esse "principe" é diferente. :) É o "principe" real e não dos contos de fada.

Bjx

O Gato Negro disse...

Realmente... agora que penso nisso o principe nunca está lá para proteger a princesa da bruxa má... ela sofre e só depois de uma data de tempo em sofrimento é que ele a salva :/

Artemisa disse...

Saint and Sinne...

É verdade. :P

Bjx