sexta-feira, junho 18, 2010

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Há uns dias ouvi, num dos programas da manhã, uma história que me deixou arrepiadíssima. Uma das filhas do conhecido actor Artur Agostinho, Emília Agostinho, actual presidente da instituição A Nossa Âncora, perdeu, há 23 anos, o seu filho Rodrigo, de 7, num acidente de viação, assim como o seu marido.

Ela conta que Rodrigo era um rapaz muito sereno, contemplativo e dado a afectos. No entanto, apesar da tenra idade, ele já falava na morte com muita frequência, chegando a dizer que ia morrer. A mãe dizia que todas as pessoas iam morrer um dia. Que ela ia morrer, que o pai ia morrer, julgando que aquela conversa era uma conversa normal de criança. Rodrigo chegou mesmo a dizer que sabia que todas as pessoas um dia morrem, mas que ele ia morrer agora (em breve) e não um dia. Disse, inclusivé, para ela não se preocupar, pois ele ia para um local muito bonito e verdejante. Disse que todos os dias, à noite, visitava esse lugar mágico e que falava com Jesus, que já lhe tinha explicado como as coisas iam suceder. Disse, também, que ia ser tudo como antes, ele só ia era estar invisível. Como qualquer mãe, ela começou a ficar preocupada, chegando mesmo a pensar em levar o filho a um psicólogo.

Num dia, aparentemente igual a tantos outros, ela deixou Rodrigo na escola. Um sítio onde ele estava seguro. No entanto, Emília não estava descansada. Tinha um aperto constante no coração, que a levava a telefonar para a escola a perguntar se o filho estava bem. Ele estava bem, mas aquela sensação desconfortante não passava, pelo que pediu ao marido que fosse buscar o filho à escola. O marido foi! E foi à ida para casa que um camião TIR chocou com eles. Partiram os dois naquele momento!

Mas o que mais me impressionou foi o relato que ela fez do que se passou do dia anterior ao acidente. Rodrigo tinha-lhe pedido se podia convidar uma amiga para brincar com ele. A mãe deixou e o dia passou envolvido numa grande brincadeira de crianças. Quando a amiga se foi embora, ele foi ter com a ela, a mãe, e sentou-se no seu colo. Abraçou-a e disse: "Este dia a brincar com a Xana foi tão bom, mãe. É que amanhã eu e o pai vamos embora para sempre".

E realmente foram. O sofrimento de Emília foi atroz. Perder filho e marido num mesmo acidente. E concordo com ela, um filho morrer antes dos pais é anti-natura. Apesar disso o que mais angústia lhe causava, era não saber se Rodrigo tinha sofrido ou não, se tinha chamado por ela ou não. Por isso, ela, todas as noites, pedia a Jesus que lhe desse um sinal em sonhos. E uma noite ela sonhou com Rodrigo, com o seu filho. Sonhou que ele corria para ela e que a abraçava para, depois, lhe dizer "Não doeu nada mãe. Só se ouviu uma buzina e depois pum e acabou".

Fiquei abismada com a serenidade do Rodrigo, com o facto de ele saber que ia partir deste mundo num dia muito específico e a maneira como lidou com isso. Quem quiser ver a entrevista, está aqui.

Foi uma história triste, mas ao mesmo tempo bastante bonita.

6 comentários:

Anónimo disse...

E impressionante. Ainda estou abismado.

**

Artemisa disse...

Saga...

És tu e eu. Arrepiei-me toda com a senhora a contar a história.

Bjx

Daniela disse...

que história arrepiante... mas sim, uma grande história. Quando se é criança, é-se assim mesmo, criança. *

Artemisa disse...

D...

Arrepiante mas bonita. :)

Bjx

Olhos Dourados disse...

Essas coisas arrepiam-me!

Artemisa disse...

Olhos Dourados...

A ti e a mim.

Bjx