sexta-feira, maio 01, 2009

Blindness


Este foi, se não me falha a memória, um dos últimos filmes que fui ver ao cinema. E marcou-me de tal forma que ainda hoje, quando penso nele, fico um pouco angustiada.
Ensaio Sobre a Cegueira (Blindness, em inglês) é um filme de 2008 dirigido por Fernando Meirelles e baseado no livro homónimo do vencedor do Prémio Nobel, José Saramago.
O filme começa com uma praga de "cegueira branca" que se estende ao longo de uma cidade, a um ritmo bastante rápido. Diferente da comum cegueira, na qual a pessoa cega não vê nada a não ser um quadro preto, este novo tipo de cegueira faz as pessoas infectadas verem branco. Temendo que esta estranho praga seja altamente contagiosa, o governo entra em pânico e começa a enviar as pessoas infectadas para uma local remoto (um velho e abandonado hospital de doentes mentais) de forma ficarem de quarentena. É, de facto, impressionante a forma como vemos a cegueira propagar-se aleatorimamente de um único indíviduo, para outro que o ajuda, mas que de seguida lhe rouba o carro (aproveitando-se do facto de o primeiro de encontar cego), para um oftalmologista (Ruffalo), e depois para todos os seus pacientes. A única pessoa que parece imune a este foco é a esposa do médico (Moore), que o acompanha para as instalações de quarentena.
O antigo hospício acaba por se tornar um pequeno e esquálido inferno há medida que mais e mais pessoas são trazida. É o começar de variados problemas! O local não tem de água, nem formas de comunicação com o exterior, nem mesmo material médico de emergência. Os soldados, que se encontram de guarda no exterior, estão fortemente armados e têm ordens para não deixar ninguêm sair do perímetro, nem que para tal tenham que recorrer à violência. Em breve todos os três dormitórios atingem a sua plena capacidade e vemos um cenário deplorável..urina e fezes cobrir o chão dos corredores.
A comida é trazida em caixas diariamente e deixada aos doentes para que eles próprios decidam o seu racionamento. Depressa, cada camarata escolhe o seu líder, para que este seja a voz dos restantes e resolva os problemas de maneira diplomática.
No entanto, na camarata número 3 uma revolta está prestes a acontecer. Encabeçada por um antigo empregado de mesa, que agora se auto-proclama Rei da Camarata (Bernal, num fantástico papel de mau da fita), e o seu contabilista (Chaykin), que consegue ler Braille, pois foi cego toda a vida, a revolta começa.
Armados, eles não têm medo de usar da violência para atingirem os seus objectivos, e tomam o controlo completo, especialmente da comida.
Se de ínicio, eles exigem artigos de valor (como jóias e relógios) em troca de comida, mal estes acabam, passam a exigir mulheres. Sexo em troca de comida pura e simplesmente! Isto leva a uma sequência do filme intensamente cruel, onde todas as mulheres são sexualmente agredidas e molestadas pelos homens da camarata 3. Uma das quais morre de maneira brutal.
Até que chega a altura em que algo deve ser feito para parar esta barbárie. A única maneira é utilizarem o seu único trunfo: a mulher do médico (Moore), a única que consegue ver. Ela mata o Rei (Bernal) e uma guerra instala-se. Um incêndio é ateado e todos os ocupantes da camarata 3 morrem. O médico (Ruffalo) e um punhado de sobreviventes, liderados e guiados pela esposa (Moore), são levados para fora do hospício, apenas para descobrir um cenário completamente surreal - todos na cidade se encontram totalmente cegos.
Ela leva-os para a sua casa, de forma a poderem começar a planear uma nova vida.
O filme termina com o primeiro homem que foi atingida pela "cegueira branca" a recuperar a sua visão e, em seguida, uma grande foto do céu da cidade, o que implica que tudo volta ao normal. Ou será que não?
O filme tem uma mensagem subliminar de extrema importância... A cegueira não é só fisíca, pode também ser psicológica.
Graças à cegueira física que atingiu todas as pessoas da cidade (menos Moore), foi possível cada um mostrar aquilo que realmente eram, os seus medos, fraquezas, angústias, receios. Puderam unir-se e ajudar-se mutuamente para escaparem daquele horror. Formaram-se laços de amizade e talvez amor. Mas e depois?
Será que agora que a "cegueira branca" desapareceu ia continuar tudo assim ou tudo ia ser como dantes? Em que era cada um por si! A cegueira tornar-se-ia psicológica?
Iria Moore ficar "cega" agora?
Aconselho vivamente a verem este filme... Mas cuidado! Não é um filme para qualquer um...

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